sexta-feira, 24 de setembro de 2010

TCC E Eixo 2

Foto: Dia da Família na EEEF Professor Dietschi, apresentação do Laptop do projeto UCA.


Aqui construí esse texto ainda na mesma proposta anterior, partindo da leitura “A Maquinaria Escolar”, de Júlia Varela e Fernando Alvarez, que traz minha fala sobre família e escola, em seus papeis socializadores, e que também vêm ao encontro do meu TCC:

“Hoje, a família já perdeu seu lugar de socializar primeiramente seus filhos. Assim que nascem são levados à escola. Aos quatro meses já são colocados na creche, e lá permanecem até os 5 ou 6 anos. Depois, vão para a escola de ensino fundamental e podem permanecer aproximadamente até os 14 ou 15 anos. Depois vão trabalhar, já adquiriram “passaporte de adultos” e devem começar a dividir responsabilidades financeiras e domésticas igualmente em sua casa.

Nesse novo tempo que vivemos, os pais batalhando pela sustentação e manutenção das responsabilidades financeiras sobre suas famílias, sobra-lhes pouco tempo para organizarem seus filhos com regras e limites claros sobre como procederem. Mais permissivos pela falta de tempo e maior necessidade de suprir a casa, trocam essa responsabilidade primeira de educação social, pelo abandono das suas obrigações para com seus rebentos, legando mais essa tarefa para a escola. Aqui, aparece a escola como salvadora da pátria.
Então seus filhos, nossos alunos, querem fazer tudo o que querem, sem limites, sem regras, sem respeito ao lugar/vez do outro. Não querem mais permitir a autoridade na escola, afinal, vive-se num mundo cheio de iguais (ou diferentes) e precisa-se respeitar ao outro, não querem cumprir as regras de convivência. Com isso a escola passa a ter mais responsabilidades por esses filhos da contemporaneidade! Aqui a escola passa a possibilitar-lhes a construção de conceitos, valores e referenciais de vida em grupo, com responsabilidades e possibilidades de se inserirem no meio em que vivem, podendo ou não garantir-lhes uma transformação social.

A educação, direito de todos os cidadãos nascidos num certo país, deveria servir para que todos pudessem lutar por condições melhores de trabalho, de vida, de qualidade, lazer, saúde... Deveria garantir que todos tivessem as mesmas possibilidades, sem prejuízo dos menos desfavorecidos, mas que houvesse uma justa e igual oportunidade para todos! Onde todos e cada um, proletariado ou burguês pudessem lutar as suas lutas, de igual para igual. Sem prejuízo de muitos em favor de poucos pela demonstração do Poder.

Hoje, embora ainda permaneça muito arraigada essa dominação e manutenção do poder pelo Estado, em especial garantido pelos órgãos reprodutores, e aqui a escola, já vejo mais possível de acontecer uma escola diferente. Muitas dessas instituições já contam com profissionais que pensam e agem em favor da coletividade, possibilitando e permitindo aos seus alunos que sonhem e busquem uma melhor educação, mais democrática e igual para todos.

Voltando as minhas memórias, algo que sempre lembro é dos desfiles de 7 de setembro. Obrigatório sim, pois vivíamos em plena ditadura militar, mas algo inesquecível. Para o desfile, nos juntávamos em grupos e confeccionávamos cartazes, placas, painéis com os mapas do Brasil, eram feitas colagens de conchinhas do mar, de papéis rasgados (atividades em que podíamos nos agrupar e mesmo sem muita voz frente ao professor ou a classe toda, era nosso momento de partilha de saberes!). Eram tantas atividades manuais que nos enchiam de alegria! Gostava disso. Também representávamos alguns papéis nos desfiles: nos vestíamos de personagens, geralmente de família, e desfilávamos pelas ruas da cidade, marchando. Toda a população (que não era muita) ficava á beira da rua olhando.
Era uma coisa que eu gostava de fazer, pois os momentos de preparar as alegorias eram coletivos e os aplausos da população eram a recompensa do trabalho feito pela nossa mãozinha!

Depois fui estudar numa escola particular, Cenecista, confessional.
Embora a insituição fosse administrada com mão-de-ferro pelas freiras, os professores eram diferentes. Instigavam nossa curiosidade, pediam trabalhos em grupo, sempre.
Fazíamos muita pesquisa.
Apresentávamos trabalhos ao grande grupo.
O professor de Português, professor Laertsan Tavares Carvalho, sempre pedia leitura de livros, da nossa escolha. Importava era aprender a ler e compreender o que líamos, adquirindo a capacidade de dissertarmos sobre nossas leituras.

Hoje sou professora alfabetizadora, quarenta anos depois de ter ido a primeira vez a escola. Tenho orgulho da minha profissão.
Eu escolhi esse caminho já bem madura e depois de adulta.
E continuo bem contente na minha escola: realizada profissionalmente.

Ser professora é um desafio diário.
Nossos alunos não são como éramos: obrigados a calar a boca!
Hoje sentamos e conversamos diariamente sobre o que é melhor pra fazermos? Que coisas queremos e vamos fazer juntos? Como vamos dar conta de aprender e pra que precisamos aprender? Desafiamos cada vez a nossa curiosidade e inteligência para construirmos o nosso saber! O saber da coletividade construída no seu espaço, inserida no seu lugar em que vive!...
Stela Maris da Rosa Dias dia 24.09.2010 às 21.55

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