quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eixo 2

Encontrei uma única postagem referendando duas novas interdisciplinas:

“Estou gostando das novas interdisciplinas:
Escolarização, espaço e tempo e Infâncias de 0 a 10.
Muito interessantes os conteúdos abordados!
Esse "rever nossa memória", buscando fatos ali registrados está muito bom!
Parabéns!”

Busquei os trabalhos no Rooda para ver as reflexões ali constantes e poder trazer algum dado mais concreto sobre as aprendizagens ali construídas.
Stela Maris em 22.09.10 às 22.45


Busquei as atividades em meu webfólio para trazer alguma reflexão aqui sobre os conteúdos ali trabalhados e minha apropriações do assunto.

Tivemos a junção da interdisciplina apresentada com a Infância de 0 a 10 anos. As propostas de trabalho foram análises de filme e textos referentes à infância e sua construção. Direitos das criançase garantias desses direitos.

Nas atividades que reli, uma fala que trouxe é essa:

“Minhas crianças vivem esse tempo de infância bem vivida, bem como criança deve vivê-la mesmo! Brincam muito em casa. Correm, sobem nas árvores, jogam bola, brincam de casinha, jogam taco, futebol, encontram os vizinhos, divertem-se todo o tempo. E, quando chegam na escola, a brincadeira continua! Temos tempo livre pra brincarem na sala, todos os dias, vamos à pracinha, fazemos jogos e brincadeiras, rolam no chão, recortam, colam, pintam, remexem no baú de brinquedos, brincamos no pátio, lêem, pensam, conversam sobre sua vida em casa, na escola, no brinquedo, folheiam revistas, jornais, rasgam, amassam, modelam, encaixam peças, inventam mil e uma coisas...constroem muito brincando ... Durante o período do recreio brincam livremente com os outros alunos, das outras turmas, pulam corda, pula-pula, correm, jogam bola, futebol,... divertem-se bastante.”

Claro está que nem todas as crianças da escola têm essas atividades diárias, mas como meu trabalho é na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental, são atividades que acontecem a maior parte do tempo.

E aqui reflito que os alunos da educação infantil brincam muito mais na escola, onde exploramos o ensinar através do brincar, da brincadeira e do uso e manuseio de vários portadores de textos, quase exclusivamente com a intenção de exploração do mundo das letras, e sem a cobrança de avaliar, medir a aprendizagem da escrita e leitura que acompanha o movimento dos anos iniciais do ensino fundamental. Óbvio que relizamos um trabalho voltado ao desenvolvimento das habilidades e competências aos alunos dessa faixa etária.
Uma diferença que por vezes se acentua, pois ao sair da escola infantil e ingressar no ensino fundamental uma das coisas que primeiro preocupam a mim, é a questão avaliação, pois ali existe a promoção do aluno para o ano seguinte, ou não. E ai perde muito do quesito “lúdico” para a promoção dessa aprendizagem, numa ampla exploração desses materiais todos a disposição do aluno, havendo então uma outra visão, outra didática, empregada no ensino fundamental, que não deixa de ser castradora, e classificatória, pois já começamos o ano letivo pensando no final do ano, na avaliação, na aprovação e até na reprovação.

Também nossos gestores e governantes utilizam-se de várias cobranças nesse ponto, onde somos avaliados constantemente, medem todos os índices criados, e esquecem do primordial: melhorar as condições do trabalho que oferecemos com formação continuada, com aperfeiçoamento de técnicas e instrumentos que melhor nos equipem e ao espaço físico oferecido aos alunos, salário mais digno e promoção da valorização dos profissionais da educação, recuperação da profissão como fator primordial para essa valorização perdida ao longo de tantos anos de muita promessa e de pouca ação, pois as ações e políticas públicas utilizadas são sempre referentes ao valor de verbas para angariar alunos e não pra ofertar uma educação d equalidade para todos, alunos e profissionais da educação.
Os pais são outro fator de muito peso nessa didática da avaliação: querem e brigam e exigem que ofereçamos a mesma educação que tiveram a 30 -40 anos atrás, cobrando quadro cheio e caderno escrito todo o dia! Por muitas vezes temos que ouvir: não fizemos nada na aula hoje, não tem escrita no caderno! Mas realizamos uma excelente roda de conversas, falamos da importância de cuidar da natureza que ainda nos resta, os alunos representaram essa natureza em desenhos ilustrativos maravilhosos, e contaram aos colegas o que havia representado ali; numa outra atividade importantíssima realizamos uma roda de leituras: os alunos lêem os livros de histórias retirados na biblioteca e para a turma, nessa roda. Ao final, escolhemos qual a história que mais gostamos e fazemos propaganda escrita sobre o livro e colocamos no mural do corredor. Os alunos que ainda não lêem, contam a história na seqüência das imagens ou da sua lembrança. Assim como visitamos o quarteirão da escola e analisamos tudo o que vemos: natureza, limpeza, urbanidade, casas comerciais, fluxo de pessoas, cuidado no trânsito, uso da faixa de segurança,...

Todo esse movimento é algo que acrescenta muita aprendizagem mas que não está registrada no todo no caderno.

Enfim, alguns tantos professores acreditam nessa educação nova, de um jeito que ofereça uma amplidão de tantos saberes que se fundem nessa roda de conversa, nesse encontro de palavras que todos têm a oportunidade de falar, mostrar que conhecem aquelas árvores que estão ali na Cidade e que são importantes, que sabem contar a história dos pioneiros na construção desse Município e que os cupons fiscais retornam crédito em valores monetários aos cofres públicos.

E que assim que tivermos oportunidade vamos cobrar a parte dos governantes em melhorias para a nossa rua, para a construção da praça naquele bairro, e tantas coisas mais que podemos precisar.

Todas essas questões estão registradas em meu blog Bem-Me-Quer.

Stela em 23.09.2010, às 21.40

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