sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eixo 9- TCC

Foto: aula na Biblioteca Pública Municipal, turma pré-2A, maio-2010


Relendo essa postagem de trabalho do webfólio a partir do texto “A Maquinaria Escolar”, de Júlia Varela e Fernando Alvarez, das Interdisciplinas "Escolarização e Infâncias onde devíamos responder perguntas sobre o referido texto construiu um texto com as minhas respostas dadas, visto que todas as minhas falas me remetem ao tema do TCC.


A história nos prova que a escola, o espaço que se utiliza para a escolarização, foi usado ao longo do tempo como “fábrica de submissão a quem detém mais poder: a igreja e ao burguês!” Mas, como o tempo passa e tudo se transforma, como uma lei natural, a escola também vem se modificando conforme a história vai se construindo.

Quando eu era criança e ia para a escola, aquele espaço era um lugar “fechado”, embora não houvesse muros nem cercas. Fechado Na discussão das ideias, na construção do aprender, na interação com o outro, com o professor. Nada era questionável, tudo era poder do professor, desde o saber até a nossa reprodução de aprendizagem.

Hoje a escola é um espaço totalmente diferente: sem muros, cercas, paredes, grades, alarmes, câmaras de observação. Mas vejo a minha porta sempre “aberta” (aliás, essa foi a primeira coisa que eu quis fazer quando professora: deixar minha porta sempre aberta!”).
A escola é um lugar aberto para as idéias, para a troca, interação entre sujeitos, sujeitos esses que constroem sua história juntamente com a história do outro, fazendo então uma nova história (Paulo Freire) nesse fazer/refazer junto com alunos, colegas, professor, família. Estamos construindo juntos esse novo espaço de escolarização.
E muitos colegas também comungam desse mesmo fazer, desse mesmo pensar dessa nova escola que hoje vivemos. Compartilhando saberes e construindo história! Mas existem também, nesse mesmo espaço que utilizo, outros tantos profissionais que continuam fechados para tal construção: ainda vivem ensimesmados no seu saber, no seu poder!

Se antes a escola tinha um currículo único, para todos os alunos, em todas as escolas, hoje já não é assim. Temos uma base curricular comum, é verdade, mas temos uma parte diversificada, e é aqui que devemos nos apegar, fazer acontecer na nossa região, no nosso mundo, no nosso espaço, tudo aquilo que precisamos para inserir nosso aluno nesse mundo, partindo do seu mundo vivido, da realidade de cada lugarzinho, para garantirmos um lugar ao sol!

Deixar de ser criança, viver esse tempo de brincar, de ser feliz, sem responsabilidades financeiras, domésticas, sem horários rígidos, sem cumprir tarefas, metas... Somente depois de passar pela escola. Mas uma escola em que se aproveita as vivências da infância de verdade, de construir saberes comuns a todos, então é que poderá trabalhar. Mas que essa passagem pela escola lhe garanta as mesmas oportunidades do burguês, do afortunado, do filhinho de papai! Que lhe possibilite a dignidade de um emprego, da garantia dos seus direitos, com a cobrança dos seus deveres, que lhes permita viver bem, dentro daquilo que nos deveria ser garantido através da constituição dos nossos direitos.
Que sejamos nós, professores, os precursores dessas possibilidades. Não tenhamos medos, tenhamos abertura para a construção dessa nova escola.
A escola que eu vivo, que eu trabalho, esse espaço físico que ocupo diariamente, duzentos dias letivos por ano, não tem mais esse significado de “enclausuramento” de outrora, que o texto aponta!

Sou educadora de pequenos, trabalho na educação infantil com alunos de quatro anos e no ensino fundamental com alunos de seis/sete anos, e penso ser muito importante o professor ter uma característica de dedicação, pois meu aluno, ao adentrar nesse mundo escolar, novo para si, precisa ser acolhido com muito cuidado. É necessário que encontre, nesse primeiro momento, fragilizado do rompimento com a família, na pessoa do educador, um profissional dedicado, que lhes atenda com afeto e que suas intervenções pedagógicas sejam de docilidade. Esses pequenos deixam a sua estabilidade familiar, o seu espaço primeiro de socialização e se inserem na escola: pessoas diferentes para atendê-los, cuidá-los e ensiná-los (desde a higiene básica, comportamento, boas maneiras até os trabalhos de coordenação motora, percepção, visualização, lateralidade, artes, expressão, linguagens,...) e precisam ser bem acolhidos!

É por esse caminho que acredito que “ter capacidade de dedicação, é a característica mais importante para a minha profissão”.
Sem nenhuma sombra de dúvida, dominar conteúdos, técnicas e métodos são os aliados que dão suporte teórico para se fazer educação na prática, e devem caminhar juntas com a dedicação acima expressada.
Pois o professor educador precisa ter conhecimento do que ensinar (aprender) e saber como fazer esse aprender (ensinar) acontecer ao aluno. É necessário partilhar isso, construindo junto com o aluno, permitindo-lhe apropriar-se desse conhecimento, que não é só do professor, e deve ser disponibilizado para a re-construção do saber coletivo.
Stela Maris Dias 24.09.10 às 21.35

Um comentário:

Fabiana disse...

Stela,
é um prazer ler uma postagem tão contextualizada e rica em argumentos em relação a escola que se tem e se quer hoje, como lugar de construções para o exercício da verdadeira cidadania...
Parabéns pela postagem...
Abração!