quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eixo 2 - Escolarização e Infância

Fizemos uma leitura com o auxílio de glossário e reflexão do texto: “As crianças e a Infância: definindo conceitos, delimitando o campo” de Manuel Pinto e Manuel Jacinto Sarmento. "As crianças são tanto mais consideradas quanto mais diminui seu peso no conjunto da população". A partir daí, dizem ou autores "o mundo acordou para para a existência das crianças no momento em que elas existem em menor número relativo".

Essa leitura me remeteu a reflexões importantes: enquanto as políticas públicas se voltam a divulgação e exigência de cobrança dos direitos da criança, menos os políticos e gestores se preocupam com a operacionalização dessas políticas e garantia desses direitos.

Pois analisando a situação dos meus alunos confirmo que os pais têm sérios problemas para a garantia do direito básico, primordial de qualquer ser humano; o da alimentação. Por vezes sabemos que nossos alunos passam fome, não tendo uma dieta apregoada de frutas, carnes, verduras diariamente para uma saúde equilibrada e perfeita. E os pais estão desempregados, fazendo bicos, sem salário fixo e ainda são explorados em sua mão-de-obra desqualificada e por isso, mais barata de contratar.

Vivemos uma realidade de muita ostentação de “resolver o social com programas e ações” alardeadas mundialmente, contando façanhas incríveis de que damos conta de resolver as questões que são fajutamente engodo aos que assim se deixam iludir”!

Trago aqui um recorte da atividade que postei no webfólio “Somente a aquisição do direito, assegurado na Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU, não permite a esses pais sustentar seus filhos dignamente. Conseguem, a muito custo, dar-lhes o básico. O mínimo necessário á sobrevivência!”.

Um outro paradoxo que discuti também desse texto foi a partir da fala:
“os adultos desejarem e gostarem das crianças, apesar de produzirem cada vez menos crianças...

Aqui expus minha condição de mãe ao dar a luz aos 42 anos de idade minha primeira filha, Marina. Muito desejada, esperada demais. Uma verdadeira bênção para toda a família. Mas, bem mostrado o paradoxo pelos autores, não posso ficar o tempo todo com ela! Trabalho o dia inteiro, em duas escolas, fico o dia todo com os meus alunos e não posso prescindir desse tempo para ficar com minha filha... Isso acontece diariamente no meu trabalho, na educação infantil: os pais levam seus filhos na primeira hora da manhã para a escola, e só vêm pegá-los no final do expediente. Também não ficam com seus filhos o dia todo.

Parece até um contra-censo: amamos nossos filhos, por minha vez, mais que desejados, e não podemos cuidá-los, curti-los, viver esse tempo com eles.

Essa reflexões me foram possíveis com as leituras apresentadas nessas interdisicplinas, mais as minhas considerações como mãe, professora e supridora da casa juntamente com meu marido, além da convivência diária com alunos e pais.

Um comentário:

Fabiana disse...

Olá Stela,
esta interdisciplina te trouxe muitas reflexões em relação a infância uma vez que trazes muitas situações vividas atualmente por nossas crianças em relação a seus direitos, cuidados, afetos.
Vivemos um momento em que mesmo sabedores dos direitos que temos, sabemos que estes ainda estão muito distantes de muitos.
A cidadania alcançada através de muitos direitos que se encontram em muitos documentos legais,ainda encontra-se muito distante de ser consolidada.
Tua análise da situação vivida enquanto mãe, professora e supridora da casa é muito profunda e muito pertinente ao que vivemos atualmente e que tanto nos angustia, pois mesmo sabendo que muitas coisas que fazemos não são ideais ainda não conseguimos fazer diferente....
Abração querida....
Fabiana Leffa