sábado, 27 de junho de 2009

Filosofando em duplas...

Tarefa das mais árduas para mim foi essa interdiscplina!
Nada, nenhuma atividade foi fácil, e todas elas exigiram muito de pesquisa, de leitura e de pensar, repensar, fazer e refazer, retomar...
A última atividade, realizada em duplas foi mesmo de "doer"!
Talvez nem tenha ainda conseguido digeri-la quanto mais tirar dali aprendizadens visíveis...

A tarefa dois, que foi a resposta as perguntas da colega Fabiana Sparremberger vai aqui registrada:

“É preciso aprender a ser coerente. De nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudança.”
(Edna Castro de Oliveira prefaciando Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire, 1996).



A presente atividade consiste na comparação do texto de Adorno “A educação após Auschwitz” com o primeiro capítulo do livro de Kant “Sobre a Pedagogia”.


2.1 Perguntas feitas pela colega Fabiana Sparremberger:

1 – Segundo Kant “O homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz.”, como você relaciona esta citação com o texto de Adorno em que relata diversas barbáries ocorridas em nossa sociedade?

2 - Adorno nos diz que “no principio da civilização está implícita a barbárie”, e Kant nos afirma que o “homem vem ao mundo em estado bruto” e ainda precisa projetar sua conduta. A partir destas afirmações em que momento deve se dar a educação? Relacione os textos e comente:

2.2 Minhas Respostas às referidas perguntas:

1. Kant afirma que “o homem é a única criatura que precisa ser educada, pois tem necessidade da sua própria razão e precisa formar por si mesmo o projeto da sua conduta”. Essa afirmação nos permite pensar que seja através da educação que o homem vai garantir a sua conduta.
Adiante Kant fala no impedimento das inclinações animais que poderão ser desviadas através da disciplina, que só será garantida ao homem pela instrução educativa, obrigando-o a retornar a humanidade e não o permitindo voltar-se a selvageria.
Adorno enfatiza que Auschwitz foi a barbárie à qual toda educação se opõe. E assim como Kant, enfatiza que a barbárie impele aos homens até o indescritível.
A estrutura básica da sociedade de tendência extremamente poderosa possibilita alterar os pressupostos objetivos políticos e sociais dos indivíduos, conforme Adorno explicita.
Relacionando o pensamento dos dois autores acredito que ambos crêem na educação como forma única e possível de garantia da humanidade em todos os homens, para que tantas atrocidades acontecidas e citadas, como Auschwitz e outras tantas barbáries que ouvimos diariamente pelos noticiosos, não mais sejam permitidas.
Adorno ainda acrescenta que “a sociedade incumbe aos indivíduos tendências desagregadoras sob a superfície da civilidade, pois a pressão do geral predomina à particularidade”. Adorno ainda diz que as pessoas que se enquadram cegamente em coletividades transformam-se em algo análogo à matéria bruta e omitem-se como seres autodeterminantes, de caráter manipulativo. E continua: “aquilo que exemplificava apenas alguns monstros nazistas ainda pode ser observado hoje”, pois há um grande número de delinqüentes juvenis, chefes de quadrilhas e similares, que povoam os noticiários diariamente.
Kant reforça que a “única verdadeira força contra a barbárie (Auschwitz), seria a autonomia, a força da reflexão para a autodeterminação, para a não-participação”. Assim a educação ensina ao homem alguma coisa e, por outro lado, não faz mais que desenvolver nele certas qualidades, visto que não se pode prever até aonde nos levariam as nossas disposições naturais.

2.O homem tem necessidade de cuidados e de formação. A formação compreende a disciplina e a instrução e os cuidados entendem-se as precauções que os pais tomam para impedir que as crianças façam uso nocivo de suas forças.
Kant ainda reforça que “a selvageria independe de qualquer lei, mas que a disciplina submete os homens as leis da humanidade e começa a fazê-lo a sentir as próprias leis. E que isso deve acontecer bem cedo. É preciso acostumá-lo logo a submeter-se aos preceitos da razão”.
Assim a educação deve ser dada aos indivíduos, conforme Adorno, na primeira infância.
Adorno diz que é necessária uma volta ao sujeito, e que a educação só teria sentido como educação para a autorreflexão crítica, trabalhando-se contra a inconsciência, pois ao conhecer os mecanismos que tornam os homens capazes de seus atos violentos, é possível que haja então uma reação, para que essas condições não voltem a ocorrer.
Adorno vai além e diz que a estrutura da sociedade atual está na busca do interesse próprio de cada um, contra o interesse de todos, e é o que vemos acontecer diariamente a nossa volta: as pessoas não mais se preocupam com o outro, estão somente em busca de coisas para si. Não há mais um interesse de que o outro viva bem e feliz e que se possa tomar parte nessa felicidade.
Enfim, após essas colocações dos autores conseguimos entender a necessidade de se educar para a volta à humanidade que deve ser lapidada em todo e qualquer indivíduo, através do ato educativo.

2.3 Avaliação das perguntas elaboradas pela colega: elas ajudaram a compreender a relação entre os dois textos?

Os textos apresentados “A educação após Auschwitz” de Adorno e o primeiro capítulo do livro de Kant “Sobre a Pedagogia” foram de leitura muito densa para mim, de difícil entendimento. Li e reli várias vezes, apontei anotações, marquei falas, enfim, busquei tirar alguma compreensão dessas leituras. Mas foi uma tarefa muito árdua, não sei se consegui muito progresso.

As buscas às respostas solicitadas pela colega me levaram novamente a debruçar-me sobre os dois textos e nem por isso foi uma tarefa mais fácil! O que ficou mais claro foi o fato de rever de novo, reler, retomar e repensar o já pensado uma, duas vezes.
Talvez eu precise ainda de muito mais tempo, de muito mais leitura e de muito mais filosofia para poder escrever o que de fato compreendi desses textos.
As perguntas da colega me levaram a muitas indagações, por muitos caminhos dentro do texto. Várias foram as vezes que fui de um lado e voltei para o outro pensando que ali estava a resposta certa. Isso pelo menos exercitou meu poder de ir e voltar em busca de algo mais claro.
Na verdade, com essa atividade o que mais me possibilitou foi voltar várias vezes às leituras, e entender que a resposta certa pode ser uma ou outra, depende do ponto de vista e do entendimento de cada um, e que tudo pode ser respondido se a argumentação for boa, caso contrário, não acrescenta muita coisa em favor de aprendizagem.





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