sábado, 16 de maio de 2009

Ancestralidade

Hoje tive um tempo e consegui fazer a leitura do texto "Em busca de uma Ancestralidade Brasileira", de Daniel Mundurucu.

O texto, de uma beleza ímpar, nos convida a muitas reflexões sobre a nossa vida presente.
Nele, Daniel exalta sua identidade étnica indígena, contando suas descobertas através das lembranças de como aprendeu a SER índio.

Conta que foi com seu avô que aprendeu isso, e foi introduzido por ele (o avô) no universo da sabedoria indígena.

Acrescenta que o "interessante é que muito desse conhecimento lhe foi passado sem dizer palavra alguma", relatando que via seu avô permanecer calado, numa calma posição de meditação profunda por horas, no silêncio de sua vida, na perfeita harmonia em que vivia.
Daniel Mundurucu diz que o silêncio talvez tenha sido sua grande primeira lição!

Essa passagem do seu texto me chamou a atenção para o fato de que eu tenho vivido meus novos e atuais tempos maternais, familiares e peadianos envolta em muito "barulho"...

Pois nesses novos tempos que tenho vivido, venho
falando muito,
ouvindo muito,
gritando muito.

Talvez essa oportunidade de refletir sobre o silêncio na vida do autor,
seja um forma de aprender que
"eu preciso de meu silêncio interior".

Que eu devo me permitir uma meditação profunda a partir da minha essência,
para buscar no meu silêncio íntimo o meu caminho,
o percurso do rio interior!

A natureza tem um tempo e nós devemos seguir o mesmo tempo dela.
Sem pressa, sem apressamentos,
sem gritos e sem tantas palavras.

Penso que meu tempo de hibernação interior é chegado.

Daniel Mundurucu diz:
"Aprendi que uma das maneiras mais interessantes de falar às pessoas é contar um pouco da nossa história, a fim de que possam pensar na própria vida e do jeito que ela está sendo construída... assim as pessoas percebem que somos a continuação de um fio que se constrói no invisível...Somos a continuação de um fio que nasceu há muito tempo atrás...Vindo de outros lugares... Iniciado por outras pessoas... Completado, remendado, costurado e continuado por nós. De forma mais simples, podríamos dizer que temos uma ancestralidade, um passado, uma tradição que precisa ser continuada, costurada todo dia".

Traz ainda a informação primordial que "as angústias é que nos levam a crises, e quem não tem uma ancestralidade não têm onde se apegar".

O índio não tem crise existencial porque
vive no presente,
sem esquecer do passado
e sem desejar o futuro!

Conta que ouvia do seu avô essa máxima:
se o momento atual não fosse bom, não teria o nome de presente.

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