terça-feira, 24 de junho de 2008

Reflexão auto avaliação

Vivenciamos um histórico educacional muito conturbado em nosso país. Primeiro com uma educação elitizada, privilégio de poucos, depois em meio a uma ditadura que devastou desse meio pessoas tão importantes como Paulo Freire, tornando nossa escola “uma escola de cordeiros, escola do medo, sem voz e sem vez, tanto aos alunos como a nós educadores”. E, não bastasse tudo isso, ainda hoje vivendo uma educação tão desqualificada, em que nossos governantes pouco ou nada fazem para melhorar o nível do que ensinamos/aprendemos para e com os nossos alunos, em muitos casos até nos atrapalhando, pois que poderíamos fazer mais e melhor se nos fosse permitido isso.
Assistir ao filme proposto para essa atividade e a leitura dos textos (que finalmente pude fazer nesse semestre) foi algo muito prazeroso, gostoso e saboroso de ver, ouvir e ler.
A fala desses ícones da nossa educação hoje, vieram confirmar o quanto podemos realizar nesse espaço da escola, espaço esse que nos é dado sem nenhuma condição de trabalho: salas sucateadas, mesas e cadeiras nada atrativas, sem cor, sem vivacidade; quadro verde também sem muita vida; laboratórios nem pensar. Mas em meio a tanto descaso, ainda assim me considero uma educadora muito feliz! Posso levar meus alunos para o pátio, no entorno da escola, até podemos nos dar ao luxo de algumas viagenzinhas pelo município. Uso minha criatividade diariamente, desenvolvo vários projetos e trabalhos que me proporcionam essa alegria. Tenho como metodologia introduzir todos os assuntos e atividades através da nossa roda de conversas, então vamos diariamente para o chão da biblioteca, ou da sala de aula, ou da sala vizinha, ou no refeitório e até mesmo na rua. Isso me permite muito movimento, muita ação, e os meus pequenos adoram essas saídas para outros tantos lugares. Uma palavra que faz parte da minha prática diária e que me identificará eternamente é ACOLHIMENTO. Acolhimento ao aluno, às descobertas, as dúvidas, os medos, a insegurança dos meus pequenos quanto a buscar saberes, juntando aquilo que já sabem, mais o que fazemos juntos e tudo o que ainda podemos aprender, construindo nossa aprendizagem diária através das nossas vivências coletivas. Rubem Alves disse: “o segredo da educação é a cabeça do professor, o aluno é companheiro de uma grande aventura, bastando só envolvê-lo”. Não precisamos mais nada mesmo, até por isso conseguimos dar aula sem nenhuma condição de habitabilidade nas nossas escolas, no sentido de envolvermos nossos alunos na aprendizagem diária, com cumplicidade de juntos buscarmos isso, nos deliciando-nos a cada conquista. Toda vez que um dos meus pequenos fala “profe, como vamos saber isso?” fico encantada. Aqui começa a nossa busca, juntos, por mais alguma coisa que não só a aprendizagem das letras, da palavra só. Mas toda a busca pelo prazer de juntarmos letras, formarmos palavras e escrevermos nossas descobertas é o que me move diariamente às duas escolas em que trabalho. Não fosse o respeito que tenho aos meus alunos, e o compromisso que assumi no dia da minha formatura, de tornar-me uma educadora de crianças, assumindo todos os riscos que essa profissão acarreta, confesso que já teria desistido de ser professora, em favor de uma profissão menos desgastante, mas seria muita covardia fazer isso. Eu quis ser professora, e continuo querendo sempre. Agora é manter o barco, em todas as direções que ele for, com todos os perigos que podemos encontrar a cada onda mais forte, a cada correnteza mais perigosa... Em cada medo que chega, podemos nos fortalecer juntos, e juntos.com@ é que sei fazer educação. Meus alunos não precisam de mim para aprenderem a leitura e escrita da palavra. Mas nos precisamos juntos para vivermos essa aventura de aprender.

Um comentário:

Nadie Christina disse...

Oi Stela,

Que bom que meu convite para postar a auto-avaliação foi aceito. Espero que os colegas aproveitem a oportunidade de aprender contigo e também socializem suas descobertas.
Um carinhoso abraço,
Profa. Nádie