sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Colhendo Frutos

Quero trazer um registro bem importante sobre meu trabalho na escola infantil.
Desenvolvo ao longo do ano um projeto de inclusão digital na biblioteca Pública Municipal, onde levo meus alunos de 4/5 anos semanalmente nesse espaço para utilização dos computadores.
Os alunos manuseiam jogos e atividades ali no Telecentro de informática.

Trabalhamos também desde o ínicio do segundo semestre o projeto Inclusão Literária e Cultural, onde nos reunimos quinzenalmente com os alunos e os livros, um trabalho de pesquisa impressa numa semana e na outra semana uma Hora do Conto.

Durante todo o ano venho comentando com minhas colegas sobre a importância do local como ponto de aproximação entre nossos alunos, cultura e informática, livros e letramento, consciência fonológica e aproveitamento dos espaços coletivos públicos além dos muros da escola.

Qual não foi minha surpresa ao concluir nosso PA e descobrir através da pesquisa final aos professores da escola, que já estávamos em cinco professores realizando essa atividade com nossos pequenos no Telecentro da Biblioteca.

Ainda na quinta feira, dia 5 de novembro realizamos nosso encontro de pesquisa e olha só o que aconteceu: enquanto estávamos ali, entre as 09 e 11 horas da manhã, chegaram nesse espaço mais duas turmas de aluninhos. Uma delas foi para a Hora do Conto e a outra além dessa atividade, fez uso dos computadores também. A outra turminha que foi de volta para a escola sem o manuseio dos computadores foram todos reclamando com a professora a vontade de ficarem ali! E são pimpolhos entre 2 e 3 anos de idade!

Começo a acreditar mais em nosso trabalho de “forminguinha” ou “passarinho no incêndio da floresta”!
Fiquei muito feliz com esse encontro, inclusive teci meus comentários acerca do assunto em meus registros virtuais da turma, em nosso site: http://bemmequeinfantil.pbworks.com/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Paulo Freire

A interdisciplina de Didática nos brindou com uma atividade sobre os temas geradores, do nosso inesquecível Paulo Freire.
Aqui a minha postagem da atividade, trouxe a mesma do webfólio, pois gostei da escrita e penso que estão boas as minhas colocações:

ENFOQUE 5 - TEMAS GERADORES
Stela Maris da rosa Dias (Pead)*

Após as leituras sugeridas pude perceber a importância da fala do professor Paulo Freire sobre os temas geradores: é necessário que os educadores investiguem junto aos seus alunos qual a realidade em que estão inseridos, encontrando no seu universo vivido o que oferecer como conteúdo significativo para a aprendizagem da palavra a ser lida e escrita.
Conforme Paulo Freire diz: “diálogo é encontro solidário do homem mediatizado pelo mundo, que o permite refletir e agir, criativamente sobre esse mundo que o cerca para a conquista da libertação humana”.
Os educadores devem construir o conteúdo programático de forma organizada e sistematizada através dos elementos que os próprios alunos trazem da sua realidade, inserindo-os num pensar crítico sobre a realidade vivida. O educador por sua vez deve problematizar a situação concreta e presente do aluno, levando-o a refletir o mundo em que vive através das suas aspirações, desafiando-o a uma resposta pensada intelectualmente por meio da sua ação, que pode então transformar esse mundo vivido em mundo real e sonhado como melhor para si junto com o outro.
Frei Betto em sua fala sobre o educador Paulo Freire traz o método Freiriano claramente traduzido: “alfabetizar conscientizando permite a descoberta do que é natureza e cultura; qual a importância do trabalho humano e da ação do homem sobre a natureza, o que lhe permite a transformação dessa ação em cultura”. Humanizando a natureza e os homens se instauram as relações sociais, salariais, opressoras, domesticadoras, libertadoras.
Entender que a leitura do texto será melhor compreendida pelo aluno quanto mais o texto estiver inserido no seu contexto de homem-sujeito real levará o educador a programar o seu conteúdo através daquilo que permitirá ao seu aluno adentrar ao mundo da escrita e da leitura a partir do seu mundo real e vivido.

Bibliografia:
FREIRE, Paulo. A dialogicidade – Essência da educação como prática da liberdade. In: _____. Pedagogia do Oprimido. 40ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. p.89-101.
Frei Betto. Paulo Freire: a leitura do mundo. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf, acesso em 01/12/2007.

domingo, 1 de novembro de 2009

LIBRAS - FILMES

A interdisciplina de Libras nos ofereceu como atividade assistir a dois filmes: Meu nome é Jonas e O Menino selvagem. Ambos os filmes antigos que nos mostram a história de dois meninos surdos em favorecimento da sua permanência na sociedade que os rejeita.

Desde o início da história dos surdos, assim como várias deficiências aparentes, esses indivíduos foram excluídos, proibidos e marginalizados pela sociedade, tanto na atualidade quanto na antiga sociedade.

E durante todo esse tempo sempre houve pessoas interessadas, batalhadoras e imbuídas de muita coragem, que calgaram importantes caminhos empunhando várias lutas em favor dessa parcela de indivíduos excluídos da escola, da vida social e marginalizados em sua aparência, sem serem levadas em conta suas possibilidades, sua inteligência e suas necessidades de apoio especializado, moral e afetivo.

O primeiro filme, Meu nome é Jonas, mostrou a fragilidade da estrutura familiar, o despreparo e o desrespeito escolar, hospitalar e da sociedade em geral quando se vêem diante de uma criança diferente. A mãe adotou uma atitude cega frente a inseri-lo imediatamente aos costumes, hábitos e comemorações familiares, no bairro e na escola, logo após sair do hospital onde permaneceu por três longos anos, por causa de um diagnóstico errado que o deu como deficiente mental, enquanto ele era simplesmente surdo. O pai demonstrou o filme inteiro o quanto os homens são pragmáticos e racionais. Verbalizando suas frustrações durante todo o tempo, partindo sempre pra agressão antes de conversar. Jonas assistia e “sentia” as cenas exaltadas, as brigas constantes e os desequilíbrios das emoções em ambos.

A escola era um local somente para treiná-lo ao mundo da palavra, tentando moldá-lo a uma sociedade discriminadora e castradora, que não permitia o uso da comunicação através dos sinais.

A sociedade à qual sua família fazia parte não o recebeu, nem o acolheu no seu retorno ao convívio familiar.

Enfim, situações que pensamos serem normais entre a família de filho “diferente”, surdo, de alguns anos atrás. Afinal, há poucos anos é que os conceitos de “criança diferente” passaram a ser normais em sua condição, apenas vistos como tendo suas limitações e especificidades.

As reflexões que esse filme me proporcionou foram no sentido de perceber o quanto é difícil aceitarmos o filho diferente, o especial, enquanto nos preparamos para recebermos um filho normal, igual a todos os outros, e esperamos serem aceitos normalmente pela convenção social: poder inserir-se em todos os grupos que a família pertence, freqüentar a escola regular e ser visto por todos.

Como educadores também não ficamos muito longe disso: faz poucos anos que a escola abriu as portas à aceitação de alunos diferentes. Ainda temos escolas sem acesso físico e sem preparo do professor para o trabalho de alunos deficientes, qualquer que seja a sua limitação ou necessidade. E também contamos com a boa vontade de uns poucos profissionais que se permitem aceitar e abrir-se ao novo, ao diferente, procurando caminhos, métodos e meios de se instrumentalizar para essa nova realidade que vamos adentrando no mundo escolar: democracia e universalidade do ensino para todos.

Felizmente hoje temos mais consciência, enquanto educadores e mesmo pais, que somos parte de comunidades de indivíduos diferentes e podemos constituir-nos de vários grupos, conforme nossos interesses, afetos e livre arbítrio.

O filme “O menino selvagem” nos mostrou a luta de um médico em favor da possibilidade do menino Victor demonstrar sua inteligência.

Tendo sobrevivido ao abandono na selva durante vários anos, Victor foi encontrado e levado ao instituto de educação de surdos, pela evidência de não falar. Após algum tempo ali, onde não se adaptou à clausura nem ao contato humano, pelo fato de ter vivido livremente até então e somente ter convivido com os animais nesse período de sua vida, adquirindo seus hábitos alimentares e comportamentais, foi dado como idiota pelos profissionais dali.

O menino foi chacotado publicamente, exposto ao público curioso e excluído por que não se encaixavam no padrão.

O Doutor Itard fazia suas anotações diárias sobre o procedimento adotado e as reações provocadas no menino. Uma das suas falas iniciais diz que “tudo o que o menino faz desde que chegou aqui é feita pela primeira vez”.
Para mim essa fala foi de uma importância fundamental, pois nos dá um entendimento real da situação vivida pelo menino, e pelos tantos outros indivíduos excluídos da nossa sociedade vigente. Nem sempre nos comportamos da maneira que o fazemos somente pelo fato de querer chocar as pessoas a nossa volta, ou por birra, ou para chamar a atenção. O médico nos diz que o fazemos “pelo simples fato de nunca termos feito aquilo”, isso me permitiu um novo pensar sobre todos os meus alunos: não conseguem dar conta de tudo porque ainda não viveram aquelas experiências, não passaram por essas vivências, não viveram o processo de aprendizagem através da experimentação.

O ato de aprender a caminhar foi como se ensina a uma criança de um ano. O aprender a segurar o talher, o levar à boca, abrir e fechá-la, a mastigação. A necessidade de deixá-lo sentir a necessidade da roupa, para então vestir-se. Isso também confirmou meu trabalho com meus pequenos da educação infantil: a necessidade de deixarmos que se tornem autônomos em suas ações necessárias, diárias; alimentar-se corretamente, demonstrando-lhes o uso de talheres, o uso da escova de dente, o retirar e colocar roupas e calçados, organizar seus materiais na mochila, pegar suas roupas, sua toalha, identificando-as. Pequenas atividades que devemos ensinar-lhes, pois ainda não viveram essas experimentações todas em sua casa, com seus pais ou cuidadores.

Por várias vezes ainda precisamos chamar alguns pais e dizer-lhes que devem permitir a seus filhos realizarem essas mesmas ações em casa, pois essa experimentação os ajudará a adquirir as habilidades necessárias para sua autonomia enquanto ser que aprende e necessita praticar várias vezes essas vivências para internalizarem-nas.

Observei no filme que o médico trabalhou primeiramente a oralização de Victor, mas que não obtinha muitas vitórias com isso, então passou a ensiná-lo a utilizar a linguagem gestual para a comunicação. A partir daqui então introduziu a escrita na vida de Victor, tirando grande crescimento na associação da figura à palavra.

Na escola que conheço, onde fomos visitar a turma de surdos no ano passado, juntamente com a menina com deficiência auditiva que tive, percebemos esse mesmo método de trabalho junto ás duas professoras que ali estavam. Inclusive nos mostraram alguns livros, um dicionário e os cadernos de alguns alunos com a associação figuraXpalavra.

Assim outros tantos momentos do filme nos levam a outras tantas reflexões necessárias nesse momento presente, de inserção dos alunos diferentes, especiais e necessitados de novos olhares, de novas práticas em nosso trabalho, tanto em nossa sala de aula quanto inseridos em nossas comunidades.

Os surdos, tanto na escola quanto na Cidade, merecem ser vistos como pessoas iguais a todos os outros indivíduos, e com necessidades especiais de atendimento e de vontade por parte dos profissionais que os atendem, da comunidade que os cerca, das pessoas com as quais vivem e convivem.

O poder público precisa fazer sua parte, adotando políticas e ações para incluir todos os alunos democraticamente nas escolas, mas os profissionais também têm que estar abertos e prontos a novas aprendizagens, principalmente no sentido de buscar aperfeiçoamento, formação e motivação para esse trabalho.

Enfim, todos nós precisamos dar conta de buscar um método, através de instrumentalização e meios que possibilitem agregar aprendizagem á inteligência possível que todos os indivíduos possuem, cada uma na sua especificidade.